Os mesmos boatos pré-eleitorais.
(Ernesto Germano Parés)
A internet, indubitavelmente, é um instrumento
valioso e importante da época atual. Mas também vem servindo a pessoas sem
qualquer escrúpulo que a usam para divulgar mentiras alarmistas.
A cada dois anos, sempre em ano eleitoral, nossos
correios recebem – sabe-se lá de quem – a “notícia” sobre o “fim do 13º
salário”. Desde 2004 venho respondendo aos remetentes e desmentindo a
matéria, mas sempre há inescrupulosos para retornar com a mensagem e
incautos que reenviam aos seus amigos sem tentar verificar se é verídica.
Sei que canalhas e inescrupulosos persistirão
enviando a mentira, pois dependem disto para atingir objetivos outros que
não o de defender o trabalhador. Mas não posso evitar de dar uma resposta
aos verdadeiros interessados com o problema.
O texto a seguir, com todas as explicações, pode
ser enviado a seus amigos e principalmente a quem encaminhou para você a
falsa notícia. Vamos evitar que esses canalhas continuem usando a internet
sem qualquer respeito às pessoas...
A mensagem a que me refiro costuma chegar em
nossos correios eletrônicos com um título assustador: “Fim do 13º já foi
aprovado na Câmara”. Em alguns casos, o emitente ainda diz que “enquanto
estamos distraídos...”. Mas, vejamos os fatos.
É claro que tal notícia interessaria a todos nós
e preocuparia, se fosse verídica! Mas, muitos não sabem que se trata
de uma “colagem” (mal-feita) de notícia velha.
Vou esclarecer. A matéria tem origem em um
fato real: o Projeto de Lei 5483/2001 do Governo Federal, altera o
artigo 618 da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho.
Porém, vejamos: em 03 de outubro de 2001, a
Presidência da República (Fernando Henrique Cardoso) enviou ao Congresso
Nacional o Projeto de Lei 5.483/2001. Esse projeto diz respeito à chamada
“flexibilização das relações de trabalho” que o Governo Federal pretendia
implantar. Chegou a ser apreciado em primeira votação, na Câmara dos
Deputados, mas depois ficou parado porque os partidos de oposição (PT – PDT
– PSB – PcdoB ...) estavam obstruindo a votação.
No início de 2003, o projeto foi retirado de
pauta pelo presidente Lula, a pedido do senador Paulo Paim (PT). Como a
origem do Projeto havia sido a Presidência da República (FHC), bastou uma
ação da mesma Presidência (agora Lula) para que fosse retirado de pauta.
Quem duvidar pode entrar no site da câmara (www.camara.gov.br)
e procurar o tal projeto! Vai verificar que não existe mais...
O pior é que os canalhas, autores desta mensagem
sórdida, nem sequer se deram ao trabalho de procurar dar um pouco de
credibilidade e pegaram a matéria que foi divulgada no início de 2002 (esta
sim, verdadeira) mantendo os mesmos nomes de deputados que “já teriam votado
a favor” e, neste momento, cometeram o maior erro: basta conferir na lista
de nomes da Câmara dos Deputados (http://www2.camara.gov.br/deputados)
e facilmente se constata que alguns dos citados sequer foram reeleitos em
2002: JOEL DE HOLLANDA – PFL; JOSÉ MENDONÇA BEZERRA-PFL; SALATIEL
CARVALHO-PMDB; CLEMENTINO COELHO –PPS; JOÃO COLACO –PSDB. Eles não são mais
deputados!!!! Outros perderam o mandato em 2006.
Interessante é que esta falsa matéria circula com
várias versões, diferenciando os deputados de cada estado. Em outra que
também recebi constavam os nomes de IEDIO ROSA - PFL; JOSE EGYDIO - PFL;
PAULO DE ALMEIDA - PFL; PAULO LESSA - PFL; RUBEM MEDINA - PFL; JORGE WILSON
- PMDB; DINO FERNANDES - PPB; EURICO MIRANDA - PPB; CANDINHO MATTOS – PSDB;
LUIZ RIBEIRO - PSDB; RONALDO SANTOS – PSDB. Estes também não são mais
deputados!!! Outras vezes, aparece com deputados de outros estados, mas
basta fazer a mesma verificação no site da Câmara para ver que não são mais
deputados.
Mas ainda tem pior pois, mais recentemente, os
infames voltaram a divulgar a matéria e agora incluem como favoráveis ao
projeto os nomes de deputados que, na época, votaram contra o projeto.
Porém, ainda agora, são burros e caem na própria esparrela: incluem nomes
como José Genoíno (já não é deputado desde 2005) e Antonio Palloci (que
também não é deputado).
A pessoa (ou as pessoas) que se dedica a espalhar
notícias como esta é canalha, criminosa, e se aproveita de outros ingênuos
que vão espalhando, algumas vezes com boas intenções.
Quando você, companheiro, receber esta mensagem
em seu correio, pergunte-se a quem interessa ficar espalhando a mentira.
Saudações