CUT lidera marcha
em defesa
e promoção da Educação Pública
11.09.2012
Com bandeira na mão, garrafinha
d’água na mochila e boné na cabeça, mais de dez mil manifestantes,
vindos em caravanas de todo os recantos do país, enfrentaram o sol
quente e o ar seco da capital federal para pintar com o verde e amarelo
da Pátria e o vermelho sangue da vida o 5 de setembro, Dia Nacional de
Mobilização da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e data da VI Marcha
Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública.
“Defendemos os 10% do PIB para a
educação, o piso do magistério, carreira, e aprovação do Plano Nacional
de Educação, porque são medidas imprescindíveis para o desenvolvimento
do país, que dialogam com o presente e o futuro da nossa nação, da mesma
forma que o combate à precarização e à terceirização”, declarou Carmen
Foro, dirigente da executiva nacional da CUT, que coordenou a
manifestação ao lado de Fátima Aparecida da Silva, da CNTE. A seu lado
no caminhão de som, Fátima lembrou que a ampliação dos investimentos é
essencial para termos uma educação à altura do país e de seu povo, com o
fortalecimento da ciência e da tecnologia nacional. “Por isso o lema da
nossa manifestação é ‘Independência é educação de qualidade e trabalho
decente’, pois são ações imprescindíveis para o nosso desenvolvimento
soberano”, frisou Fátima.
Dirigente nacional da CUT e da CNTE,
Antonio Lisboa ressaltou que as mobilizações dos dois últimos meses,
onde os cutistas dirigiram um processo intenso de greves de servidores
federais e estaduais, arrancaram bons resultados, dobrando a
intransigência dos que se recusavam a negociar e diziam não ter
recursos. “O caminho é esse, é botar a massa na rua para garantir
direitos e ampliar conquistas. Com mobilização o dinheiro aparece”,
frisou.
VAIA PARA MANTEGA
O vice-presidente da CUT-São Paulo,
professor Douglas Izzo, pediu uma vaia para o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que falou que os 10% do PIB para a educação iria quebrar o
país. “Se há recursos para um volumoso superávit primário, por que não
destinar um percentual mais expressivo do Orçamento federal para
fomentar a educação”, questionou. A vaia se alastrou pela Esplanada.
A realização da marcha em plena
Semana da Pátria, declarou Júlio Turra, da direção nacional da CUT,
“demonstra que a independência só pode ser garantida pelos
trabalhadores”. “A bandeira da educação unifica o conjunto da classe em
apoio à luta dos companheiros da CNTE, da mesma forma que a luta contra
a precarização e a terceirização mobiliza os trabalhadores em educação
em solidariedade à classe. Esta é uma mobilização que abre caminho para
vitórias e destaca a importância do protagonismo do Estado”, frisou
Julinho.
PAUTA PELO BEM DO BRASIL
Segundo Claudir Nespolo, presidente
da CUT-RS, “a pauta que embala os milhares de manifestantes nesta marcha
não é corporativa, é pelo bem do Brasil, pois a aplicação dos 10% do PIB
representa mais educação, qualificação, profissionalização, mais
desenvolvimento com melhores salários e direitos”. Claudir defendeu
ainda a necessidade da redução da jornada de trabalho sem redução de
salário, o fim das demissões imotivadas e o direito dos servidores à
data-base.
“De Minas Gerais, viemos em 20
caravanas para nos somarmos com todo o Brasil para dizer em alto e bom
som que não importa a sigla que nos governe, estaremos mobilizados para
fazer valer os nossos direitos”, declarou Beatriz Cerqueira, presidenta
da CUT-MG e do SInd-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação
de Minas Gerais). Bia denunciou que o governo estadual tem desrespeitado
os trabalhadores mineiros, não pagando o Piso Nacional da Educação e
perseguindo as organizações sindicais. “É com unidade e mobilização que
vamos conseguir avançar”, asseverou.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Paulo
Kayres, a pressão das ruas tem tido cada vez mais um papel fundamental,
como ficou demonstrado pelos avanços obtidos após as mobilizações e
greves do setor público. “É preciso que haja sensibilidade do lado de
lá. Nós ajudamos a eleger um governo democrático e popular que precisa
garantir contrapartidas para a sociedade, como é o investimento na
educação pública”, disse.
Vindo de Sidrolândia, no interior do
Mato Grosso do Sul, o presidente do Sindicato dos Comerciários e diretor
de Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo do
Comércio e Serviços (Contracs), Pedro Mamede, enfatizou que há uma
compreensão de que é através da educação que o país terá um crescimento
efetivamente sustentável, com qualidade de vida. “Por isso estamos aqui
para mostrar ao governo e ao parlamento que a classe trabalhadora quer
10% do PIB para a educação pública, gratuita e de qualidade”.
PRESSÃO NO
CONGRESSO
Durante a tarde desta quarta-feira
foram marcadas várias audiências com parlamentares, onde os dirigentes
da CUT e da CNTE levarão até o Congresso Nacional as suas
reivindicações. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que
além da pauta educacional, as entidades levarão até os deputados e
senadores a sua pauta comum pelo fim do Fator Previdenciário, contra a
idade mínima para as aposentadorias e a desoneração da folha de
pagamento; contra a rotatividade no emprego – pela ratificação da
Convenção 158 da OIT; por negociação coletiva no serviço público –
regulamentação da Convenção 151 - e a revogação do Decreto 7777 – que
institucionaliza a substituição dos servidores grevistas. “Vamos falar
firme e pedir urgência em ações contra a precarização do trabalho, no
combate às terceirizações e na luta pela igualdade de direitos.
Precisamos urgente de trabalho decente”, concluiu Vagner.
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